segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Você é o seu Destino


Minha nutricionista disse que a pessoa é o que ela come.
James Allen lançou um livro com o título “Você é o que você pensa”.
O gerente do meu banco não disse, mas sei que pensa que nós somos o que temos.
Júlia, minha amiga, sempre diz que somos o que vestimos.
Bom, deixa-me parar porque já está virando palhaçada.

O ponto que eu quero chegar é o seguinte: há muitas formas de se analisar uma pessoa, estas formas podem ser eficientes ou não, foi então que percebi que muito pode se dizer de alguém se averiguar os lugares que uma pessoa vai ou pelo menos gostaria de ir.

Quando uma amiga minha diz que vai à praia e eu pergunto qual, a resposta vem bem pronunciada quando o destino é o litoral norte ou outro estado como Rio de Janeiro ou Santa Catarina, por outro lado, chega a ser difícil de ouvir quando o destino é a Praia Grande, um ligeiro desânimo parece tomar conta da pessoa que até se encolhe um pouco.

Na época da faculdade, lembro que o pessoal sempre conversava sobre os lugares que foram, iriam ou gostariam de ir. A grosso modo, iam para os Estados Unidos àqueles que queriam ganhar mais dinheiro do que gastar com a viagem, aliado a idéia de vivenciar o que é o desenvolvimento do primeiro mundo. Para a Europa viajavam os amantes do valor histórico e cultural do velho continente, era o destino de maior glamour entre as escolhas. Os mais aventureiros, geralmente com traços de esquerda política, não falavam em outro destino senão América Latina, desde o México até Ushuaia.

Percebo que as pessoas com mais idade vêem a viagem como recompensa do trabalho, o destino será um período de consumo e descanso, enquanto os jovens buscam uma auto-realização no seu destino. Temo com o dia em que meu filho me diga que está indo para São Tomé das Letras. No meu tempo os cogumelos já eram atrativos a uma parcela dos jovens.

Inocente é quem diz que viaja por uma motivação totalmente livre, algo que surge lá do coração. A verdade é que estamos preocupados com a nossa imagem o tempo todo, os destinos contemplam não apenas o nosso prazer, mas nossa posição política, conduta social, poder econômico, capacidade intelectual e acúmulo cultural. O destino pode ser apenas uma válvula de escape, mas penso que na maioria das vezes a viagem busca provar aos outros, ou até a nós mesmos, o que somos.

Luciana Lauben

Um comentário:

  1. Muito boa postagem Luciana! Adorei. O fato é que não passamos de consumistas vorazes afirmando e reafirmando nossa interpretação do que é o VIVER atraves de tudo o que possa nos significar: uam viagem, um ditado, uma comida.... Parabéns mais uma vez!

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